Atlético 1×1 Cruzeiro – Belo Horizonte
Paulo César Zanovelli apitou o fim do clássico aos 55 minutos do segundo tempo. Na Arena MRV, com mais de 40 mil torcedores, todos atleticanos, um misto de insatisfação e frustração tomou conta do ambiente. Natural, afinal de contas o Galo jogou boa parte do segundo tempo com um jogador a mais. Junte a isso o bom primeiro tempo realizado pela equipe de Jorge Sampaoli. Enfim, o lado alvinegro foi superior ao lado azul. Numa já consagrada expressão da bola, o famoso “se tivesse que ter um vencedor”, esse vencedor seria o Atlético.
Mas futebol é bola na rede. Não adianta finalizar mais de 20 vezes e marcar somente um gol. No fim, para a maioria, não adianta jogar bem e não converter as chances criadas. Pouco importa ter uma defesa consistente, mesmo como setor todo desfalcado, e entregar um gol de presente para o rival. Por isso a chateação de parte da torcida presente no estádio. Mais um clássico dentro de casa que o Atlético não consegue vencer. Em pouco mais de dois anos de casa nova o Galo tem somente uma vitória sobre o Cruzeiro, contra três derrotas e agora dois empates.
E nessa quarta-feira (15) ficou a clara sensação de que o Atlético perdeu ótima oportunidade de vencer o rival. Mais do que simplesmente ganhar, era jogo para ter vencido até com uma razoável margem de gols. Se um turno atrás o técnico cruzeirense Leonardo Jardim se queixou da covardia do time alvinegro, então treinado por Cuca, no empate do jogo válido pelo primeiro turno, dessa vez foi a Raposa que abriu mão de jogar para segurar o 0 a 0.
Não apenas no segundo tempo, quando tinha um jogador a menos e era o natural se resguardar para evitar a derrota. Mas já no primeiro, ainda quando tinha 11 jogadores em campo. O Cruzeiro que faz ótima campanha no Brasileiro se acovardou diante de um Atlético completamente esfacelado e com uma dezena de desfalques.
Cá entre nós, por tudo o que se desenhava, antes do jogo o empate era visto com bons olhos. No entanto, de acordo com a maneira que a partida foi decorrendo, ficou a sensação de que o Galo vacilou mais uma vez. De novo faltou aquele algo a mais para vencer. Assim como aconteceu contra o Juventude.
Portanto, é motivo para ver copo meio vazio.
*A indicação de hoje vai para o pós jogo do Fael Lima (@faelslim).
A visão otimista
Mas também há quem veja o copo meio cheio e existem boas razões. Por mais que o Atlético não consiga emplacar uma sequência de triunfos no Brasileirão e siga perigosamente próximo ao Z4, o campo já começa a mostrar outra coisa. Se em algumas ocasiões o Galo teve futebol de time que vai cair, como foi na derrota para o Fluminense, diante do Cruzeiro o desempenho da equipe foi bem diferente.
Especialmente o primeiro tempo. Mesmo com muitos desfalques e contra um time que até então lutava pelo título do Campeonato Brasileiro e estava sem apenas um titular, o Galo foi muito superior. Segurança na defesa, qualidade na saída de bola, viradas de jogo, trocas de passes com velocidade e muita movimentação. O sistema defensivo cruzeirense trabalhou bastante, enquanto Everson foi praticamente um mero espectador.
Com uma visão mais ampla, ultrapassando os 107 minutos do clássico – com a sensação mais da metade não foi de bola rolando. Ah se fosse o Everson fazendo aquela cera e ele faz mesmo -, o torcedor do Galo viu mais uma vez um time que dá mostras que não vai brigar contra o rebaixamento até o fim do Brasileirão. E o mais importante, a equipe de Jorge Sampaoli está ganhado musculatura para encarar o Independiente del Valle na semifinal da Sul-Americana.
O copo do Galo foi meio cheio ou meio vazio no clássico? Depende do seu ponto de vista.
Arbitragem dentro do esperado
Abrir o texto com o nome do árbitro não foi uma coincidência. Quando a CBF anunciou que Paulo César Zanovelli seria o árbitro de Atlético x Cruzeiro, qualquer pessoa que acompanha futebol com o mínimo de atenção sabia que não daria bom. E o juiz entregou no clássico tudo aquilo que já era esperado.
É importante destacar atuação de Zanovelli foi ruim não por causa de um lance aqui ou um lance ali. Foi pelo todo, por se mostrar um juiz perdido dentro de campo, por demonstrar insegurança e se deixar ser pressionado pelos jogadores, especialmente pelos Lucas do Cruzeiro, o Silva e o Romero.
É fato que não foi escanteio na jogada que originou o gol de empate do Atlético. O que fica fácil de constatar após várias repetições e com diversos ângulos. Mas dizer que o escanteio foi um roubo premeditado para sair o gol do Galo já se torna um delírio. Inversões nas marcações de escanteio/tiro de meta e laterais é algo que acontecem em praticamente todos os jogos. Inclusive, o Galo já sofreu gol do Cruzeiro após um escanteio inexistente em alguma temporada passada.
A arbitragem de Zanovelli foi ruim, não por prejudicar lado A ou lado B. Prejudicou o jogo. Se o Cruzeiro se queixa de um escanteio inexistente no lance que originou o gol atleticano, o Galo pode reclamar da não expulsão de Romero, por exemplo, que assim como Kaio Jorge, fez o gesto de que o juiz estava roubando
E o que falar do Kaio Jorge? Jogador novo e com potencial, mas que no clássico tentou passar a imagem de malandro, talvez inspirado em grandes atacantes do passado. Escapou do vermelho no primeiro tempo e protagonizou um papelão no segundo. Foi de uma canalhice sem tamanho com Ivan Roman e se não abrir o olho vai terminar o Brasileiro sem nada. O título já era e a artilharia parece escorrer entre os dedos. Arrascaeta, Pedro e Vitor Roque já estão na cola. E todos estão jogando futebol, não estão jogando para a torcida.
Mas sabe quem errou mesmo? Foi a CBF, com a escolha equivocada do árbitro. Zanovelli ainda não se mostra capaz de apitar jogos desse tamanho.
