Bolívar 2 x 2 Atlético – La Paz
Antes do duelo com o Bolívar, em La Paz, o Atlético acumulava uma sequência de cinco partidas sem vitórias. Durante o pior momento da temporada, o Alvinegro se aproximou perigosamente da zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, foi eliminado pelo rival na Copa do Brasil e ficou sem treinador. Antes de a bola rolar no Estádio Hernando Siles, o atleticano desejava apenas uma coisa: que o time voltasse vivo na Copa Sul-Americana.
Sem dúvida nenhuma todos dentro da Cidade do Galo assinariam um acordo para garantir o empate no confronto disputado a mais de 3,6 mil metros de altura. Acredito que a torcida também, afinal jogar na altitude é totalmente diferente. Aliás, na altitude não se joga. Quando se sobe para jogar em lugares tão altos, o time precisa competir, lutar e sobreviver. E foi o que o Galo fez.
Jorge Sampaoli abriu mão de todas as próprias convicções, nada de marcação pressão ou posse de bola. Controle do jogo? Esquece! O Galo se fechou, foram cinco jogadores na última linha defensiva, quatro numa segunda linha no meio de campo e Rony ficou isolado na frente, brigando pela bola a cada chutão dado por Everson. Acertadamente Hulk ficou no banco de reservas. A estratégia do primeiro tempo deu mais do que certo. Com apenas 22% de posse de bola na etapa inicial e menos de 90 tentativas de passe, o Atlético abriu 2 a 0, contra todas as previsões.
Estratégia mantida para segunda etapa. Nada de posse de bola ou troca de passes. Uma retranca de dar orgulho para quem gosta desse tipo de jogo. Mesmo com a expulsão de um jogador do Bolívar e com cinco trocas realizadas, o Atlético sentiu o cansaço. Foi nítido que faltou perna para fechar alguns cruzamentos, para ganhar duelos individuais e até mesmo para contra-atacar. No fim, o empate em 2 a 2 pode parecer frustrante ou ruim, mas o Atlético volta vivo para a Arena e depende de uma vitória simples para chegar à semifinal da Sul-Americana.
Sampaoli gostou do que viu
O Atlético não jogou futebol em La Paz. O Galo brigou, o Galo lutou, o Galo competiu, o Galo defendeu, o Galo saiu vivo. E era exatamente isso que Jorge Sampaoli queria. São apenas duas semanas de trabalho e três partidas no comando do time, pouco tempo para esperar mudanças radicais. Mas tem algo que não precisa esperar tanto para mudar e, pelo menos na Bolívia, parece que mudou.
Após o empate com o Santos, pelo Brasileirão, o treinador argentino chegou a dizer que sentia falta de ambição por parte do time dentro de campo. O sentimento do torcedor não é diferente. Mas se tem algo que não pode reclamar do duelo de ida pelas quartas de final da Copa Sul-Americana é de que o Galo não lutou. Talvez o primeiro grande avanço sob a curta gestão do novo técnico. Não que os jogadores estivessem de corpo mole antes, mas claramente faltava aquela entrega a mais.
E contra o Bolívar os jogadores atleticanos disputaram cada bola como se fosse a última numa final de Copa do Mundo. Os próximos desafios de Sampaoli são arrumar o time coletivamente e recuperar individualmente muitos atletas que estão devendo futebol em 2025.







