Não se trata de ser campeão brasileiro numa competição de base. Não se trata de comemorar um título que estava perdido até os 49 minutos do segundo tempo. Não se trata de vencer a disputa de pênaltis diante de quase 5 mil torcedores do seu clube. Não se trata de reverter uma final em que o placar chegou a estar 4 a 0 para o adversário. O choro mais marcante da conquista do Atlético se trata de algo muito maior. Se trata de empatia, se trata de carinho, se trata de amor, se trata de humanidade.
Rolando as postagens ligadas ao título do Atlético eu me deparei com a imagem que mais me marcou. Mais do que o golaço do Ronaldo, aos 49 minutos do segundo tempo, e mais do que o pênalti defendido por Kaio Assis. O choro da pedagoga Izabela Bastos é algo que vai muito além do futebol, é uma emoção genuína de quem realmente se importa com os garotos que estavam em campo.
A emoção na coroação de um trabalho impecável.
— Galo na Base (@GaloNaBase) October 18, 2025
Parabéns, Henrique Teixeira, e toda a comissão! 👏⚫⚪
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Não conheço a Izabela, tanto que tive de recorrer à assessoria do clube para saber de quem se tratava, tampouco os garotos campeões. Mas tenho certeza absoluta que o choro dela foi por motivos que vão além do título. É óbvio que o fato de ser campeão aflora a emoção, afinal é a coroação de um trabalho longo, duro, de muita pressão e com desafios diários.
A função da pedagoga é cuidar do aprendizado desses garotos que são acolhidos pelo clube. Mas o choro da Izabela mostra que ela e outros profissionais do Atlético vão muito além da função que lhes cabem. O choro ali era a emoção em ver seus meninos vencerem. Meninos que na maioria das vezes saem de casa muito cedo e são criados realmente pelos profissionais dos clubes, não pelos familiares.
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Portanto, a pedagoga por muitos momentos é também a mãe dessas crianças. É também uma irmã mais velha. É também um ombro amigo. Não só a pedagoga, para deixar claro. Isso vale para todos os profissionais que convivem diariamente com crianças e adolescentes que deixam seus lares em busca de um sonho. Mas é um sonho que será alcançado por poucos. Até mesmo um time campeão nacional na base não consegue emplacar 100% dos garotos no futebol de alto nível.
E é isso que faz o choro da Izabela ser tão especial. Enquanto dirigentes, imprensa e torcedores olham para esses jogadores de base somente como produtos, que precisam jogar bem para dar retorno técnico e financeiro, os profissionais envolvidos na formação desses garotos têm algo essencial: o amor. Lidar diariamente com crianças e adolescentes que estão longe de casa não é fácil. São personalidades diferentes, as saudades do lar são diferentes, as tristezas e as alegrias de cada um também são diferentes.
O que fazem a Izabela Bastos e todos os demais profissionais da base do Atlético é muito mais do que preparar um futuro jogador de futebol. Em primeiro lugar todos estão formando homens, que profissionais da bola ou não, vão ter toda uma vida para seguir quando deixarem a Cidade do Galo. As lágrimas que escorrem no rosto da Izabela não são apenas pelo conquista do Brasileirão sub-17, são também porque os garotos dela venceram uma enorme adversidade, como terão na vida. Seja dentro ou fora de campo.








1 Comment
Uau, vc traduziu o trabalho e o sentimento que ela tem pelos meninos!!!