Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Coragem, FMF! Reduza o Campeonato Mineiro

O Campeonato Mineiro como conhecemos precisa acabar. E com muita urgência. Uma mudança completa no calendário estadual se faz necessária para ontem. Algo que seria bom para os dois blocos existentes atualmente no futebol local: times da capital x times do interior.

Não faz mais o menor sentido gastar três meses da temporada, cada vez mais inchada, com jogos que pouco ou quase nada empolgam os torcedores. Não tem justificativa para times tão caros perderem 11 datas num torneio no qual o campeão recebe R$ 0 de prêmio. O maior benefício do vencedor é ter uma semana de paz a mais do que tem o perdedor, mas que dura somente até o início do Campeonato Brasileiro.

Qual a explicação para times que custam mais de R$ 20 milhões por mês jogarem contra adversários que não oferecem nenhum desafio técnico? Como se pagar times caros com uma competição tão deficitária financeiramente? Atlético e Cruzeiro recebem da televisão menos do que clubes pequenos de São Paulo recebem pelo Campeonato Paulista.

Sem premiação pela conquista, uma outra fonte de receita é a bilheteria. No entanto, com jogos de baixo apelo, com exceção dos clássicos, o faturamento com a venda de ingressos não chega nem perto do que acontece nas demais nas competições.

O clássico é maior

Um Atlético x Cruzeiro vale mais do que o campeonato todo. Vencer o clássico, seja qual for, tem mais peso do que ser campeão estadual. Quando a final é entre os dois maiores clubes do estado o tempero que deixa a disputa pelo título mais saborosa é a rivalidade, não é o troféu.

A vitória do Atlético sobre o Cruzeiro, num Mineirão somente com torcedores do rival, foi mais comemorada pelos alvinegros do que foi o título sobre o América. Uma final xoxa, sem festa por mais uma conquista, mesmo sendo um hexa em sequência. Os jogadores atleticanos nem sequer deram uma volta olímpica. Cerimônia protocolar para a entrega do troféu e das medalhas, com direito a papel picado e fotos com familiares. Vida que segue, afinal, nos dias seguintes, a temporada começaria pra valer.

O dinheiro não está aqui

Houve uma época em que jogar o estadual era financeiramente rentável. A Rede Globo pagava caro pelos principais torneios locais do país. O Mineiro, por exemplo, valia mais de R$ 40 milhões à época. Em 2017, por exemplo, o Atlético recebeu cerca de R$ 14 milhões para disputar 15 partidas. Dinheiro que corrigido equivale a quase R$ 25 milhões atualmente.

Mas o jogo mudou. A Globo já não investe em estaduais como outrora. Mesmo com uma explosão de streamings e o YouTube, os direitos televisivos do Mineiro perderam muito valor em menos de uma década. Os clubes da capital viram as receitas com televisão cair quase três vezes. Já os times do interior que chegaram a faturar R$ 1 milhão cada um por temporada, atualmente não fazem nem metade.

Sem muito dinheiro da televisão, não é a bilheteria quer vai salvar os clubes de Minas Gerais. Das 54 partidas da edição 2025 – os jogos do Troféu Inconfidência não estão na conta – somente 12 tiveram renda líquida superior a R$ 100 mil. Obviamente que em todas as partidas lucrativas pelo menos um dos dois gigantes mineiros estava envolvido.

Entre clubes do interior a maior bilheteria foi no empate do Uberlândia com o Itabirito, no Parque do Sabiá. Foram 4.042 pagantes no duelo válido pela 3ª rodada. O jogo que terminou 1 a 1 teve renda de R$ 127.115,00. Descontadas todas as despesas, o Verdão ficou com R$ 59.112,93.

Por outro lado, 23 partidas da última edição deram prejuízo. Significa dizer que o clube da casa teve de pagar para jogar, pois ao final da partida, descontadas todas despesas, a bilheteria não foi suficiente para custear tudo e a conta ficou negativa. Isso acontece até em jogos do Atlético e do Cruzeiro como mandantes. Ou seja, 42% dos confrontos do Mineiro 2025 foram deficitários. E olha que na soma das partidas que deram lucro tem dois jogos com renda líquida inferior a R$ 1 mil.

Maior públicoCruzeiro 0 x 2 Atlético60.834 pagantes
Maior rendaAmérica 1 x 0 AtléticoR$ 4.444.355,00
Maior renda líquidaAmérica 1 x 0 AtléticoR$ 3.061.054,79
Menor público Tombense 1 x 0 Aymorés725 pagantes
Menor rendaTombense 1 x 0 AymorésR$ 6.120,00
Menor lucroVilla Nova 0 x 1 UberlândiaR$ 313,75
Maior prejuízo em um jogoAtlético 1 x 1 Democrata-GV– R$ 308.074,02
Maior faturamento líquidoCruzeiro – 5 jogosR$ 4.390.740,08
Menor faturamento líquidoVilla Nova – 4 jogosR$ 74.495,89
Maior prejuízo acumuladoBetim – 4 jogos– R$29.162,21

Falta bola

Sem grana para investir, em alguns casos com calendário trimestral, os clubes do interior fazem quase que um junta junta para a disputa do Mineiro. Não que o nível técnico do estadual fosse uma maravilha no passado, mas como os clubes da capital têm cada vez mais grana e os clubes do interior largaram a vocação de revelar talentos, a distância entre esses dois mundos cresce em ritmo acelerado a cada ano.

Veja o exemplo da campanha atleticana em 2025. Por decisão da diretoria os três primeiros jogos do certame foram disputados pelo time sub-20 do Galo. Um time muito fraco, que quase ninguém será aproveitado no elenco principal, e quiçá em qualquer time profissional. Mesmo assim o fraco sub-20 do Atlético, que não vence o estadual da categoria há seis anos e foi rebaixado no Brasileiro, não foi derrotado por nenhum time do interior.

É verdade que não venceu também. Foram três empates, diante do Aymorés, do Democrata, de Governador Valadares, e do Pouso Alegre. Para provar o que estou escrevendo, daqui cinco anos vou pegar as fichas técnicas dessas três primeiras partidas do Mineiro de 2025 e pesquisar para saber o que aconteceu com cada um dos atleticanos que estiveram dentro de campo.

Como o Atlético é o atual Hexacampeão estadual, estou numa posição cômoda para fazer esse pedido à Federação Mineira de Futebol: reduza a competição a partir de 2026 e permaneça na vanguarda. Salve os torcedores, os clubes, a imprensa e todos que gostam de futebol. Evite a realização de mais um arrastado e modorrento torneio de três meses, com 54 jogos e que tem no máximo sete clássicos.

O passado

A partir de 2026 o limite para os principais estaduais do país é de 11 datas. Uma grande mudança para outros estados, como São Paulo, que contava com 16 datas e luta para que tenha pelo menos 12 (espero do fundo do coração que a FMF não brigue por isso também). No entanto, trazendo para o nosso quintal, essa mudança que a Confederação Brasileira de Futebol fez no calendário não foi benéfica para Atlético e Cruzeiro. Não estou maluco e vou explicar o porquê.

Desde 2005 que o Mineiro tem menos datas do que o Paulista e o Carioca, com exceção de 2021, quando o calendário foi achatado entre março e dezembro e isso impactou no tamanho dos estaduais. Foi única vez nas últimas duas décadas que o Rio de Janeiro teve a mesma quantidade de datas que Minas Gerais. São Paulo seguiu com mais jogos.

Nesta temporada, por exemplo, o Mineiro foi disputado em 12 datas, contra 16 do Paulista e 15 do Carioca. Pode parecer pouco, mas não é. Superficialmente falando, cada jogo disputado tira da comissão técnica três sessões de treinos intensos.

Pelo desgaste das partidas, os atletas não podem treinar com muita carga na véspera, no dia do jogo e nem no dia seguinte. Portanto, significa dizer que o Cuca, então treinador do Atlético no primeiro semestre, teve 12 sessões de treinos a mais do que Abel Ferreira, do Palmeiras, e nove a mais do que Filipe Luís, do Flamengo. Se o treinador foi capaz de aproveitar os treinos extras é outro assunto. Mas inegável que isso dava uma pequena vantagem técnica para os clubes de Minas Gerais.

Não tem como afirmar um time vai ser campeão por treinar alguns dias a mais. No entanto, é fato que com menos jogos e mais tempo para trabalhar no Centro de Treinamento, uma equipe certamente vai chegar melhor condicionada do que um adversário que jogou mais e treinou menos.

  • Datas utilizadas para o Mineiro nos últimos 20 anos: 296
  • Datas utilizadas para o Paulista no últimos 20 anos: 387

Em 2013, por exemplo, ano que Minas Gerais venceu a Libertadores, com o Galo, e o Brasileirão, com o Cruzeiro, o Campeonato Mineiro foi disputado em 15 datas contra incríveis 23 do Paulista. Como escrevi acima, não tem como afirmar que foi isso que fez as equipes de Belo Horizonte conquistarem os títulos, mas certamente faz uma diferença enorme ter praticamente um mês a mais para treinar a equipe.

A mudança promovida pela CBF praticamente em nada vai impactar o Mineiro. Realizado em 12 datas nas últimas três edições, basta cortar uma partida para se encaixar nas 11 datas liberadas para a realização do torneio. Semifinal em jogo único ou final em jogo único? Inicialmente é o que deve mudar para 2026. Ou seja, a vantagem técnica que os mineiros tinham em relação a paulistas e cariocas foi por água abaixo.

E o futuro

Houve uma época que os estaduais reinavam quase que soberanos durante o primeiro semestre. Os mais jovens certamente não viveram esse tempo, em que o calendário era dividido da seguinte forma: metade do ano para estaduais, Libertadores (numa época com no máximo três representantes brasileiros) e Copa do Brasil, enquanto a outra metade era para o Brasileirão e torneios secundários da Conmebol.

Isso começou a mudar em 2002, quando os torneios regionais ganharam projeção, tipo Sul-Minas e Rio-São Paulo. Temporada em que a participação dos grandes clubes de Minas e São Paulo, por exemplo, ficou limitada a quatro datas. Em 2003 uma nova mudança. Fim dos torneios regionais e início do Brasileirão por pontos corridos. Os estaduais voltaram a crescer, mas não como era antes. Subiram de quatro datas para 12 em Minas, e 11 em São Paulo.

Desde então, por uma questão política e perpetuação de poder na CBF, quem ocupava a cadeira da presidência cedeu para as federações estaduais. Afinal, a eleição na CBF é decidida pelos presidentes das federações. Por isso, o Mineiro que chegou ter quatro datas para os grandes clubes em 2002, passou a ser disputado em 17 datas nas temporadas 2009 e 2010. Já o Paulista teve seis edições com 23 datas, enquanto o Rio de Janeiro teve algumas com 21.

Mas tudo vai começar a mudar a partir de 2026. Com o início do Brasileiro em janeiro, vai acontecer uma divisão na prioridade para clubes e torcedores. Não há dúvidas que o Brasileirão é muito importante e não pode ser deixado de lado nem por uma rodada sequer. O Atlético de 2024 sabe muito bem disso.

Se antes os estaduais tinham a atenção quase que exclusiva do ecossistema do futebol durante as primeiras semanas da temporada, isso vai acabar. E, com o tempo, a tendência é que os estaduais percam cada vez mais representatividade e relevância, caminhando assim para uma nova redução. Os clubes grandes querem cada vez mais jogar contra os grandes e jogar menos contra os pequenos. Prevendo um cenário que vai acontecer dentro de alguns anos, a FMF pode se antecipar e novamente estar na vanguarda.

Imagine a seguinte sequência de jogos para o Atlético: URT, Flamengo, Betim, Ceará, Democrata e Grêmio. Nem preciso dizer quais serão as partidas que receber a atenção dos atletas e da comissão técnica e quais serão tratadas como um fardo.

Por muito tempo o sistema de disputa de Minas Gerais foi elogiado por demais estados. Uma fórmula simples e com menos jogos. Como citado acima, chegou a ter ano em que foram oito jogos a menos do que São Paulo. E seis jogos a menos do que o Rio de Janeiro. A CBF estipulou que são 11 datas disponíveis, mas não que seja obrigatório a utilização de 11 datas.

Menos jogos de estadual para Atlético, América e Cruzeiro representa ganho técnico. É mais tempo para o descanso dos atletas. É mais tempo para a realização da pré-temporada. É mais tempo de trabalho entre uma partida e outra. Enfim, todos só têm a ganhar.

Mais grana para a FMF

Embora tenha participação ativa na negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Mineiro, a FMF não fica com nada do valor que é pago pela televisão. As receitas da entidade vão desde a publicidade nas competições que promove, repasses da CBF e, principalmente, na participação nas bilheterias dos jogos dos clubes de Minas Gerais, independentemente da competição.

Nos jogos do Estadual a taxa da FMF é de 10% da arrecadação com venda de ingressos. Já em partidas organizadas por outras entidades a Federação Mineira fica com 5% da bilheteria. Seja Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores ou Sul-Americana. Seja torneios masculinos ou femininos. Sejá qual divisão for. Não importa. Se tem time mineiro como mandante e se tem venda de ingressos, portanto alguma receita auferida com bilheteira, a FMF recebe a parte dela.

Abaixo o borderô de Atlético x Santos, pela semifinal do Brasileiro A2 (Segunda Divisão), em que a federação local ficou com R$ 381 de um jogo em que bilheteria foi de R$ 7,6 mil. O Galo teve prejuízo superior a R$ 48 mil na realização da partida, mas os 5% da FMF foram retidos na fonte.

Borderô de Atlético x Santos pelo Brasileiro A2 feminino
Borderô de Atlético x Santos pelo Brasileiro A2 feminino

Como nos jogos organizados por ela própria a taxa sobe para 10% da renda bruta, significa dizer que a FMF só não lucrou mais do que os três clubes da capital. Os demais 9 times que disputaram o Módulo 1 em 2025 tiveram arrecadação líquida inferior a R$ 2,5 milhões, que foi o que federação levou com a participação e cada bilheteria das 54 partidas realizadas.

Todavia, o faturamento total da entidade tem um detalhe muito relevante. Cerca de R$ 1,7 milhão foram gerados em somente nove jogos. Sabem em quais jogos? Os três clássicos da primeira fase, as quatro partidas da fase semifinal e as duas finais do torneio. Ou seja, 68% desse dinheiro foi gerados nos confrontos que realmente importam para a maior parte dos torcedores.

E a FMF pode até ter mais grana se flexibilizar o calendário das equipes mais competitivas do estado. Com um mineiro mais enxuto, mas preservando clássicos e a fase final, o faturamento da federação não vai ser tão impactado no ambito estadual. E pode crescer em caso de boas campanhas do Atlético e do Cruzeiro em torneios nacionais e continentais.

Mesmo tendo direito a somente 5% da bilheteria de um jogo promovido pela CBF, a Federação Mineira abocanhou pouco mais de meio milhão apenas na partida decisiva entre Atlético e Flamengo, pela final da Copa do Brasil do ano passado. Toda a caminhada do Alvinegro, que terminou como vice-campeão, rendeu pouco mais de R$ 1,1 milhão para a entidade que que cuida do futebol de Minas Gerais.

Borderô de Atlético x Flamengo pela final da Copa do Brasil de 2024
Borderô de Atlético x Flamengo pela final da Copa do Brasil de 2024

Lembrando que em 2024 foi também uma temporada de boas campanhas dos times mineiros em torneios da Conmebol. O Atlético foi finalista da Libertadores e o Cruzeiro da Sul-Americana. Juntos os dois clubes renderam R$ 1,6 milhão para a FMF, sendo 900 mil do Galo e 700 mil da equipe celeste.

Um bom caminho é aumentar os jogos dos clubes menores e colocar os grandes somente numa fase final atrativa e curta. Com clássicos e jogos decisivos, mantendo uma boa arrecadação para os finalistas, como já acontece e privilegiando os times que são melhores tecnicamente nas competições que têm maior peso durante a temporada.

Cuidando da base da pirâmide

Ao pedir um número menor de jogos para Atlético, América e Cruzeiro, neste caso também para o Athletic, que está na Série B do Brasileiro por enquanto, não significa que é preciso ignorar as demais equipesdo estado. Pelo contrário, os times que estão na Série D (atualmente Minas Gerais não tem representantes na Série C) e quem está sem nenhuma divisão precisam jogar mais vezes, mas é jogar entre eles.

É fundamental dar mais calendário para esses clubes. Por ser um blog voltado para a torcida do Atlético o texto teve o viés de um grande clube. Mas uma verdadeira mudança no Mineiro só será possível dando mais atenção para os pequenos clubes. O tradicional Villa Nova é o melhor exemplo de como a FMF não cuida da base da pirâmide, que é a principal função dela, pois quem está no topo dessa pirâmide não precisa de ajuda, só precisa não ser atrapalhado.

Campeão mineiro cinco vezes, menos apenas do que o trio da capital, o Villa Nova foi rebaixado mais uma vez. A temporada 2025 do Leão do Bonfim se resume a míseros oito jogos. O quarto clube que mais venceu o estadual em Minas Gerais, o primeiro campeão da Série B do Brasileiro, o time que fazia clássicos com os clubes de BH, que revelou grandes jogadores, sendo o zagueiro Luizinho o maior deles, jogou somente oito partidas na atual temporada.

Com dívidas, sem um calendário decente e sem perspectivas, o Villa Nova foi rebaixado pela segunda vez nas últimas seis temporadas. É necessário que o Leão tenha mais jogos durante o ano, para que a diretoria seja capaz de planejar uma temporada e tenha condições de superar todas as adversidades. O que é completamente inviável quando se joga apenas oito vezes em um ano. Somente aumentando o calendário de todos o times do interior que será possível mudar esse cenário. Vale para o Villa Nova e vale para todos os demais clubes do interior.

Você se lembra do último jogador revelado por uma equipe do interior de Minas que se destacou no Mineiro e depois foi capaz de jogar num grande clube do estado e se firmar como atleta de nível de Série A do Brasileiro?

Sugestão

Não existe uma fórmula que seja capaz de agradar a todos, afinal de contas os interesses dos clubes são bem diferentes. O desafio é encontrar algo que seja bom para os dois lados, para pequenos e grandes. Minha sugestão passa pelo fim das divisões do Campeonato Mineiro e uma fase final com poucas equipes se juntando aos grandes. Algo que não custe mais do que seis datas para Atlético e Cruzeiro.

Atualmente o Mineiro é dividido em três níveis: Módulo 1, Módulo 2 e Segunda Divisão. No Módulo 1 é onde se encontram os grandes clubes do estado. O Módulo 2 é o equivalente à uma segunda divisão. E a Segunda Divisão é equivalente à uma terceira divisão. Complicado de explicar, mas é isso. Basicamente como se fossem as Séries A, B e C. Assim ficaria mais simples de entender, FMF.

O Módulo 1 tem quatro clubes que estão nas duas principais divisões nacionais. São eles o Atlético, o América, o Athletic e o Cruzeiro. Com 38 jogos garantidos durante o ano, fora Copa do Brasil e torneios da Conmebol, esses já estariam garantidos na fase final do Mineiro.

Os demais oito clubes se juntariam aos 12 times do Módulo 2 e aos 13 da Segunda Divisão, totalizando 33 equipes. O desafio a partir daí é encontrar uma fórmula que abrace os clubes, mas ao mesmo tempo não sufoque aqueles que não têm condições. Pode parecer mentira, mas tem time que joga a Segunda Divisão, que na verdade é a terceira, e torce para ser eliminado na primeira fase. Tudo para gastar menos dinheiro.

O importante é aumenta o tempo de atividade desses clubes. Dar condições para que as equipes do interior fomentem o futebol em Minas Gerais, especialmente com duelos regionalizados. Como efeito de comparação, mais uma vez o Villa Nova é o exemplo. A equipe de Nova Lima iniciou a preparação para o Mineiro no dia 2 de dezembro de 2024. Encerrou a participação em 12 de fevereiro de 2025, na derrota em casa para o Tombense, por 2 a 0. Resultado que culminou no rebaixamento. Ao todo foram somente dois meses e dez dias de atividade.

Quem paga a conta?

Saltar de 70 dias de trabalho em uma temporada para 180 dias, no mínimo, tem um custo. Cada jogo em casa, somente a arbitragem e o quadro móvel da FMF custam R$ 5,5 mil. Já as partidas como visitante custam R$ 20 mil em média, somando transporte, hospedagem e alimentação.

Jogar pelo menos 20 vezes durante o ano permite um planejamento melhor e a longo prazo, por outro lado é bem mais caro do que entrar em campo somente oito vezes. Com jogos muitas vezes deficitários entre os clubes do interior, o desafio é encontrar quem vai pagar a conta.

Recorrer à CBF é uma possibilidade. A atual gestão já deu sinais que deseja fomentar o futebol no interior do país. Mas o principal financiador tem de ser a própria Federação Mineira e os grandes clubes do estado, algo como já acontece acontece nos Países Baixos.

Parte da premiação da premiação das equipes holandesas em torneios da UEFA é dividido com os demais clubes do Campeonato Holandês. Essa medida foi tomada para que os clubes menores continuem formando jogadores que posteriormente serão aproveitados nos grandes clubes do país. Não que seja preciso enfiar a mão nos bolsos de Atlético e Cruzeiro para que eles financiem as equipes do interior. Até porque isso já acontece.

O dinheiro que a FMF recebe com as bilheterias dos jogos tem de ser usado para incentivar o futebol local, para melhorar as competições e dar melhor condições a jogadores e clubes pequenos. No dia 3 de outubro o Inter de Minas recebeu o Tupi, em Itaúna, pela Segunda Divisão do Mineiro. A equipe da casa teve custo de R$ 5,5 mil com arbitragem, quadro móvel da FMF e impostos.

Por que a própria Federação não é capaz de arcar com esse valor? O que são R$ 5,5 mil para uma entidade que arrecada R$ 30 milhões por ano e tem como missão desenvolver o futebol de Minas Gerais? De acordo com o balaço financeiro da FMF, a arrecadação em 2024 foi de R$ 30 milhões.

Num hipotético torneio de 360 partidas somente entre equipes do interior, o custo com arbitragem e quadro móvel seria de quase R$ 2 milhões. Em 11 jogos do Galo como mandante, na Copa do Brasil e na Libertadores, ambas do ano passado, a FMF faturou R$ 2 milhões. Dinheiro existe, falta vontade.

Conselho Técnico

Acontece na tarde desta terça-feira (5) a reunião para definir como será o Campeonato Mineiro de 2026. O encontro será realizado no Mineirão e comandado pela FMF, com a participação dos 12 clubes classificados para o Módulo I de 2026. Embora sonhe com uma mudança radical, sei que isso não vai acontecer.

Mas espero que a semente para um calendário bom para todo o futebol mineiro seja plantada no Conselho Técnico. Sei também que são os clubes que definem o formato da competição. Mas com a experiência de quem já cobriu vários desses encontros, o últimos deles no fim de 2023, sei também que os clubes seguem o que é determinado pela FMF.

Ou seja, embora qualquer mudança esteja nas mãos dos clubes, tudo depende dos interesses da FMF do que ela pode fazer para melhorar a situação para as equipes do interior. O fato é que um Mineiro com 11 datas é grande demais para o calendário atual e a conquista já não tem o valor que teve num passado distante. É melhor mudar por vontade própria do que ser obrigada a mudar, FMF. Manter tantos jogos e dividir a atenção com o Brasileiro será o início do fim dos estaduais.

Compartilhar:

Deixe o seu comentário!

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias Recentes

  • All Post
  • Colunistas
  • Convidados
  • Geral
  • Notícias
  • Opinião

Assine a nossa Newsletter

Insira o seu e-mail abaixo!

Edit Template

Notícias Recentes

  • All Post
  • Colunistas
  • Convidados
  • Geral
  • Notícias
  • Opinião

Nossas Redes Sociais

EntreListras – Todos os direitos reservado © 2025