Assim caminha a atleticanidade, com passos de formiga e muita vontade

Atlético 0 x 0 Juventude – Belo Horizonte

Ainda vai levar um tempo
Pra fechar o que feriu por dentro
Natural que seja assim
Tanto pra você quanto pra mim

Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga e sem vontade

Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais

A letra da música Assim Caminha a Humanidade, de Lulu Santos, ajuda a entender um pouco de tudo o que passou e passa a atleticanidade (Atlético e atleticanos) em um ano.

Desde outubro de 2024

Classificação para a final da Copa do Brasil, com golaço do Hulk. Vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, na semifinal da Libertadores, e vaga na final. Derrota na decisão da Copa do Brasil para o Flamengo, dentro da Arena MRV. Vice da Libertadores, mesmo jogando com um a mais desde os 30 segundos de jogo.

Saiu da briga por dois grandes títulos e foi um jogo valendo um lugar na Série A de 2025, na última rodada do Brasileiro do ano passado. Mesmo sem brigar contra o rebaixamento em nenhum outro momento do Brasileirão, o Galo se viu num jogo de vida ou morte diante do Athletico-PR, numa Arena MRV sem público. O Furacão ainda acertou a trave antes de Rubens se tornar o herói, ao sofrer um pênalti e marcar o gol da vitória no rebate da penalidade perdida por Hulk.

Volta o Cuca, campanha tudo ou nada no Mineiro, vitória sobre o Cruzeiro num clássico que poderia eliminar a equipe alvinegra, Hexacampeão estadual, início ruim de Brasileirão, qualidade do elenco questionada por Cuca, rompimento de parte da torcida com gestão da SAF, entrevista catastrófica de Rafael Menin, chegada de reforços, salários atrasados, enxurrada de notificações extrajudiciais, derrota para o Cruzeiro na Copa do Brasil, queda do Cuca, chegada de Sampaoli, eliminação para o rival e proximidade com a zona do rebaixamento.

Resumidamente, foi por por tudo isso que passou a atleticanidade entre outubro de 2024 e setembro de 2025. Como diz Lulu Santos, não dá para dizer que os últimos 12 meses foram ruins, mas certamente não queremos mais passar por tudo isso de novo.

Enfim, o jogo

Não tem como desvincular o jogo com o Juventude por tudo o que o Galo passou em um ano. Uma torcida ferida e que ainda vai levar um tempo para se recuperar. Porém, o calendário do futebol brasileiro faz com que o Atlético esteja em campo a cada três dias. Se no sábado a equipe alvinegra mostrou bom futebol e, principalmente, muita vontade para vencer o Mirassol, nessa terça não foi muito diferente.

O Galo jogou melhor, não sofreu defensivamente, criou chances, lutou bastante e empurrou o adversário para trás. Mas faltou o gol. E num momento que o time está perigosamente perto da zona do rebaixamento, não vencer uma equipe que já está lá dentro não soa nada bem. Afinal de contas o Atlético perdeu uma ótima chance de ficar distante do grupo dos últimos colocados.

Por outro lado, na sétima partida sob o comando de Jorge Sampaoli, o Galo apresenta claras melhoras coletivas. Mas como está em campo a cada três dias, a sensação é que a melhora acontece a passos de formiga. Diante do Juventude também não faltou vontade, mas faltou um refino técnico para decidir o jogo com facilidade, para traduzir o domínio que o Atlético teve sobre a equipe de Caxias do Sul.

Ainda vai levar um tempo para a atleticanidade dar risada. Mas o time dá mostras que o fim de ano pode ser melhor do que se desenhava algumas semanas atrás. O fantasma do rebaixamento ainda não foi afastado, mas hoje já não assusta como há 15 dias. E tem também também a Copa Sul-Americana. São três jogos entre o Atlético e um título continental, para quem sabe fechar o que está ferido desde novembro de 2024.